A Larian Studios, renomada desenvolvedora belga por trás de títulos como Divinity e Baldur's Gate 3, comprometeu-se a abordar as crescentes preocupações acerca do uso de inteligência artificial (IA) generativa no desenvolvimento de jogos. O anúncio veio em resposta a uma onda de críticas de fãs, que temem que a adoção da IA possa comprometer a integridade criativa dos projetos.
A controvérsia intensificou-se no início deste mês, após os comentários do CEO Swen Vincke, que muitos interpretaram como um sinal de uma maior dependência da IA no processo de desenvolvimento da Larian. Embora a empresa tenha afirmado consistentemente que a IA não estará presente no produto final, alguns jogadores manifestaram preocupação de que o seu uso, mesmo nos bastidores, possa comprometer os fluxos de trabalho criativos e os padrões éticos da indústria.
Em resposta, a Larian confirmou planos para realizar uma sessão "Ask Me Anything" (AMA), oferecendo aos fãs a oportunidade de interagir diretamente com a equipa de desenvolvimento. A sessão contará com representantes de vários departamentos, incluindo design, narrativa, arte e tecnologia. Vincke sublinhou que o objetivo é proporcionar transparência sobre a forma como a IA é utilizada e dar aos jogadores um espaço para colocarem questões sobre os processos do estúdio.
Esta polémica surge num momento particularmente relevante, logo após o anúncio do novo jogo da Larian nos The Game Awards 2025. Impulsionado por um vídeo espetacular e pelo mistério em torno de uma estátua revelada dias antes do evento, o entusiasmo por "Destiny" está ao rubro, especialmente entre a enorme comunidade de fãs de BG3. No entanto, as expectativas também estão altíssimas, ainda mais depois de Vincke ter prometido que o jogo irá redefinir o combate por turnos no franchise.
A liderança da Larian Studios procurou tranquilizar os fãs e funcionários, garantindo que a utilização de IA se limita a fases específicas e não finais do desenvolvimento, como a ideação de conceitos, comunicação interna e referências iniciais. O estúdio enfatizou que todas as artes finais, textos e dobragens são criados por talento humano, salientando que nenhum cargo foi eliminado ou substituído por conteúdo gerado por IA.
"As ferramentas que usamos servem para inspirar, não para substituir a nossa equipa", afirmou Swen Vincke, diretor do estúdio, numa declaração nas redes sociais. "A criatividade original continua a ser o núcleo de tudo o que produzimos. A IA atua mais como um assistente de pesquisa ou uma biblioteca de referência do que como um criador." Este esclarecimento surge no meio de um debate aceso na indústria sobre o papel da IA no trabalho criativo, especialmente no que diz respeito ao seu potencial impacto em artistas, escritores e atores de voz.
As discussões internas na Larian refletem a complexidade desta integração. Um produtor associado expressou preocupação até mesmo com pequenas falas geradas por IA, notando que papéis menores em jogos são frequentemente oportunidades cruciais para talentos de voz emergentes. Esta perspetiva sublinha a abordagem cuidadosa do estúdio para equilibrar a inovação com o respeito pelos seus colaboradores humanos.
As reações dos fãs têm sido mistas. Enquanto alguns elogiam a transparência da Larian e a sua utilização ponderada da IA, outros permanecem céticos, vendo qualquer dependência de ferramentas generativas como um risco potencial para a autenticidade criativa. Espera-se que a próxima sessão de perguntas e respostas (AMA) esclareça as políticas do estúdio e demonstre como a Larian planeia manter o seu compromisso com a arte humana.
A forma como a Larian gere o debate sobre a IA pode estabelecer um precedente para a indústria de videojogos. A implementação de IA no desenvolvimento é controversa; embora possa ser uma ferramenta útil para acelerar certas tarefas, o seu abuso arrisca-se a gerar jogos de menor qualidade e a causar a perda de empregos. Felizmente, a criatividade humana parece ainda estar fora do alcance da IA, e muitos jogadores estão a manifestar-se contra o uso excessivo deste tipo de ferramentas. É pouco provável que a Larian queira arriscar a reputação que conquistou com o seu trabalho anterior apenas para lançar um jogo mais cedo. De qualquer forma, teremos de esperar para saber mais.
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